segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O começo

Macumba! Palavra forte, não? Mas quem nunca a pronunciou, quem nunca acreditou que já tenha sido vítima de uma, quem nunca quis fazer alguma? Desde pequena eu gosto dos assuntos ligados ao poder mágico da macumba (ou umbanda ou candomblé se você prefere assim), sempre gostei daquelas revistas "Boa Sorte" e "Guia Astral". Foi numa dessas revistas que vi a propaganda do livro "Como Agarrar Seu Homem Pela Magia" da Maria Helena Farelli, eu era bem jovem, devia ter uns 12 anos, encomendei o livro e o guardei na casa de outra pessoa - nessa ocasião eu apenas o li, não experimentei nada. A vida seguiu seu rumo, namorei pouco, mas aproveitei bastante (sei que você entende o que quero dizer) e então conheci um rapaz; nossa situação era bem parecida, ele era livre como eu, também teve suas namoradas e da mesma forma, nada sério até então, ficamos durante uns 2 meses e do nada ele rompeu. Fiquei triste porque eu estava cansada de ficar com um e com outro e com outro e com um, eu queria alguém pra mim, pra ir namorar como a maioria das pessoas namoram, pra assistir TV juntos, pra andar de mãos dadas na rua, fiquei triste por isso, porque eu queria que aquela história desse certo, que com ele as coisas fosse pra frente, entende?
Isso foi no ano de 2002, em junho desse ano caiu nas minhas mãos uma revista com simpatias para arranjar namorado. Eu criei coragem e fiz essa:

Escreva o seu nome e o dele em 5 papéis; descasque 5 bananas e enrole um papel em cada uma. Depois, amarre uma fita amarela para bem prender os nomes à banana. Tenha igual procedimento com as demais. As bananas devem ser colocadas em forma de estrela em um prato branco que deverá ter no centro uma vela branca acesa. Tenha o cuidado de passar bastante mel em tudo, isto é, nas bananas, nos papéis e até na vela. Entregue na natureza e mentalize para Oxum o seu desejo. 

Eis que em setembro de 2002, voilà, reatamos! Namoramos e nos casamos. Ao todo ficamos juntos pouco mais de 7 anos. Alguns dizem que esse tipo de macumba tem prazo de validade, outros dizem que essas coisas não se acabam, enfim... quem se importa, não é mesmo? Em junho do ano passado a situação entre nós ficou muito difícil e ele saiu de casa. Eu sofri muito, chorei outro tanto e queria que ele voltasse, mas relutava em fazer outra amarração. Queria que ele ficasse comigo por amor e não por obra de magia, acendia minhas velas, fazia meus banhos e pedia para ele voltar se fosse melhor pra nós dois que ficássemos juntos; fiquei firme nesse pensamento até que soube que ele estava sassaricando com outra por aí. Nessa hora "a água bateu na bunda" e eu mandei às favas a ideia de ficarmos juntos por amor. Entendi que eu quero o meu marido de volta, quero o que é meu, não quero o que é do outro, quero o homem que me deu o nome dele, quero que meu marido volte para onde ele nunca deveria ter saído. E então peguei o livro da Maria Helena Farelli novamente. Não o quero por capricho, o quero porque o amo, quero que ele volte para fazê-lo feliz, para corrigir o que não foi acertado e se as pessoas fazem macumba para conseguir trabalho, para curar doença, qual o problema em fazer macumba para curar dor de amor? A minha dor de amor será curada quando meu marido voltar pra mim. Eu tenho certeza de que quero de volta o que é meu, não estou tirando o homem de ninguém; se alguém está com o homem que pertence a outra com toda certeza não sou eu, até porque perante a lei o marido é meu. E sou filha de Oxum, portanto tenho o direito de ser feliz onde minha mãe reina, não é mesmo?
Decisão tomada, me lembrei que magia tem que ser feita na força da lua, está lá num capítulo do livro. Calendário na mão, fui à feira e encomendei a banana. Nunca vou me esquecer da expressão da feirante quando eu disse que precisava de uma banana da terra verde, bem verde para dali a 2 semanas... Ela me deu seu telefone e pediu para eu lembrá-la um dia antes. Quando eu fui buscar a encomenda, pensei que se ela tivesse trazido seria um bom sinal. Guardei a banana com o maior cuidado para que o processo de amadurecimento não se acelerasse, já que no mês de janeiro é um calor sem igual. Você pode embrulhar a banana em papel toalha para que ela não absorva umidade e guardá-la na gaveta da geladeira, também é recomendado que você regule a temperatura da geladeira para o mínimo possível (eu deixei a minha no nível 2). Dizem também que não é bom que as pessoas saibam que você fez algum tipo de magia, só que nesse caso não tinha jeito. Eu não posso deixar a oferenda na minha casa, então pedi para uma amiga (tomei o cuidado de pedir para uma amiga que meu marido não gosta para não arriscar nada) que me acompanhasse até o local onde eu faria a entrega. Esperei que a noite caísse para que a Lua Cheia mostrasse toda sua força e beleza e lá fui eu para uma praça num bairro distante da minha casa. Fiz essa entrega para Mamãe Oxum:

Numa banana da terra verde faça um corte de comprido de tamanho suficiente para colocar um pedaço de papel ali dentro (é um corte e não um buraco). Dentro do corte coloque um papel com o nome do amado escrito (eu sempre uso papel branco sem pauta e escrevo a lápis, porque o lápis vem da natureza), enrole um carretel inteiro de linha em volta da banana (no livro não tem indicação de qual cor deve ser a linha - usei linha amarela por ser a cor que representa Oxum). Coloque a banana enrolada num prato branco virgem, por cima coloque mel e açúcar (usei açúcar cristal, também seguindo o raciocínio de coisas próximas à natureza). No livro, diz que a oferenda deve ser deixada num cantinho, ou no quintal; como não posso deixar na minha casa, interpretei "um cantinho" como "um local", eu quis deixar na natureza, num lugar que tenha vida, que tenha verde. Dá resultado em 7, 14 ou 21 dias, por isso a pessoa que fizer deve estar bem gamada (é assim mesmo que está escrito no livro, bem gamada) porque o amado virá com a força do vento e das águas de cachoeira.

Nos próximos posts vou relatar o que aconteceu após a entrega. Conto nos dedos os dias para ter meu marido de volta.